A cirurgia ou Cartola




  Toda essa angustia e uma saudade equidistante entre você e meu violão me abriu o peito 
 uma junta de médicos e psicólogos vasculham minhas entranhas 
e constatam (pasmos) a ausência do meu coração.
 
Por todo o hospital correu um reboliço
que agitou todos os convalescentes
levando até mesmo aqueles que
 já se abriam aos braços para morte
levantar e fazer uma batucada

Fui levado a sala de cirurgia rapidamente,
. Um pobre coitado, 
 esgarçado
engraçado
 se oferecera como doador.

  Meticulosamente os especialistas manipularam veias e artérias
verdadeiros artistas costuradores de carne
Pouco a pouco
  Preencheram meu vazio com Caos

 Sobre doador não soube quase nada na ocasião
exceto que também sofria de saudade,
até o dia em que seu coração
(que agora não se cala um segundo no meu peito)
me contou que
 Sua Bem Amada o trocara por um poema 
 e vaga pelas ruas de Pasárgada,
embotada de opioides...

  Soube dessa História mais tarde, 
quando já existia de mais para remediar,
remendar,
agora tenho coração.
Hoje levo flores que não falam em seu túmulo
cravado profundamente no seio da terra.
onde se estampa o epitáfio que
disseram-me depois
foram suas últimas palavras:
 “Sorrir pra não chorar


Sempre Seus: Vito Julião



Nenhum comentário:

Postar um comentário