Eu andava de braços dados com outra, andava e a rua era movimentada,
havia arvores e motores por todos os lados, e a desconhecida que me acompanhava
e chateava era linda. Mas depois de uns passos eu vi você; olhava-me com um olha
severo, que exigia um explicação que nem
eu mesmo tinha. Aparentemente um táxi te esperava, entrou furiosa no carro e do
banco de trás disse (pude ler claramente nos seus lábios) “Itaúnas”. Olhava para mim, irreconciliável, partia não
sei por que e eu era culpado não sei como.
Confuso, dobrei o tempo e o espaço e do banco da frente do táxi (que já
ia longe) eu peguei as suas mãos e
beijei-as nas costas, os meus olhos implorava o perdão dos inocentes e minha
boca ficou surpresa quando, antes de dizer qualquer coisa, com as pontas dos
seus dedos me puxou o queixo e me beijou a boca como já mais sonhara nenhum anjo, seus
olhos úmidos e um sorriso me pediam desculpas por pecados sublimes e passados. Num
ímpeto eu pulei para o banco de trás acertando um pé na cara do pobre taxista,
nos amamos e nos amamos imprudentemente, paramos a cidade e a rotação do globo terrestre enquanto o táxi desgovernado despencava por um precipício
em direção ao mar. A queda foi rápida, provavelmente não mais que alguns
segundos, contudo nos amamos dois infinitos. Sem gravidade, rompemos as leis
naturais e o espaço entre os corpos era uma convenção ridícula. Fomos velhos,
fomos novos, cegamos de paixão e vimos a face do sol, presenciamos milagres e
nossos filhos se orgulhavam e choravam em nosso enterro. Quando o táxi atingiu
o manto oceânico nos enroscamos em nossos cobertores de domingo, nos jogamos
numa rede e rimos sob a luz das estrelas ao ver a foto do taxita no jornal, com um olho roxo, dizendo que largara as
quatro rodas para virar poeta.
Sempre Seus: Vito Julião
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