[Escuro. De repente duas luzes se cruzam no ar
revelando um homem e uma mulher. Eles estão sentados em cadeiras de madeira
simples, frente a frente e se olham fixamente nos olhos. Esfíngicos. Reflexos. As
cores dos olhos chamam a atenção. Estão descalços e sentem o frio do palco
acinzentar suas ideias. Fora do teatro está chovendo. ]
[ Ácido que corrói aquilo que levo debaixo da pele]
[ele inspira]
ELE: A pele daquilo
que levo debaixo do ácido
ELA: Ácido que corrói
a pele que levo debaixo daquilo
[Ele expira de peito pesado]
ELE: Aquilo que corrói o ácido que levo debaixo da pele
[Ela aponta mecanicamente pra ele sem desfazer o movimento]
ELA: A pele daquilo que corrói o que levo debaixo do ácido
[eles se entre olham inexpressivos buscando nos olhos do
outro o significado de tudo isso] [ele estrala o pescoço num brusco movimento
lateral – CLOCK ]
[As luzes se desfazem metafisicamente no ar. Os personagens
desaparecem. Ele se perdeu. Ela nunca mais deu noticias]
Sempre Seus: Vito Julião
Nenhum comentário:
Postar um comentário