Do estar-no-mundo




“Nunca me esquecerei desse acontecimento”
 Carlos Drummond de Andrade


Até onde eu sei tinham muitos caminhos e em todos os caminhos tem pedras. Infelizmente não se sabe onde esses caminhos levarão ou trarão ou se ainda existem.
Também se sabe  que não da para saber onde as pedras estarão. Se no meio do caminho, nas margens de um carinho ou, quem sabe, na terceira margem do rio.
Até onde se sabe pedras não se mechem, andam, sentam ou rolam. Estão incorporadas de inércia estática, encarnam o verbo  sutil e  que é, do que há , do que havia e do que há em ser.
Até onde eu sei pedras não voam ou não querem voar não por que tem medo ou preguiça, são seres que não sonham, não vivem, apenas estão lá, no apenas, no caminho, sendo, entregues as leis da ação e reação, controlando sua respiração de pedra, seus pensamentos de pedra, e se algo de humano (ou mais que isso) realmente existe no desejo de uma pedra é a de estar em um caminho (que talvez já mais seja percorrido, fique claro) sendo o haver ou/e ter de algo que vai ou/e vem, dilacerando uma dialética de decisão que (senhores, lamento vos informar) somos nós (sendo, havendo, tendo, tinha) que tomamos.

Sempre Seus: Vito Julião 

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