Pássaro Morto (Greuze)
Eu sou
desses pecadores por acidente
Um assassino
de criancinhas
Em minhas
mãos já morreram muitos poeminhas
É como ter
um pardalzinho morto nas mãos
É terrível
A
fragilidade estirada na palma
Quem já
passou sabe
Da pra
sentir a crueza da cidade em volta
O peso da
responsabilidade nas costas
Mas eu não
posso evitar
Eles vêm
voando na minha direção
Pedindo
socorro, amor, abrigo, proteção...
Mas sou
inútil aos seus apelos
Estou preso
no transito
Estou
trabalhando
Ganhando
dinheiro
Jogando a
vida fora
E deixo-os
desmaiarem na minha frente
Eu me sinto
culpado
Se pelo
menos a memória ajudasse...
Se pudesse
dar-lhes uma sobrevida
Até que num
papel qualquer
Um
guardanapo que seja
Eu conseguisse salvá-los
criá-los
Chamá-los de
filhos
Fazê-los
alçar longos voos novamente
Até que eles
possam pousar nos seus olhos
Até que eles
mereçam teus abraços
Para que, livres,
Retornem nos
meus momentos de angustia
Sempre seus: Vito julião
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