Eu sou isso
mesmo que você pensa, um vagabundo, um coitado
O ator que
faz o mendigo nesse teatro compartilhado
Pisados da
forma mais natural, submisso a mais injusta violência
E o senhor
ai fingindo que eu não existo
Ensinando
seu filho a agir de forma normal
Enquanto eu
corro da fome,
corro dos
home e bebo pra aplacar o mal
De uma vida
que me trata pela maneira como eu me visto
Já veio aqui
a prefeitura Roubar meus pouco pertence, meu coxão!
E ainda tem
dotô dizendo por ai que é caso de internação!
Nem olhar
pra mim na rua o desgraçado olha
E o carro protege
ele das criança que debaixo da ponte chora
E ainda
dizem que a culpa é minha, que não me esforcei
Que a minha
cor, que o meu cheiro não tem nada há ver
Mas entra
num posto de saúde pra ver o que comigo eles vao fazer
Se pensarem
ou perceberem que em crack eu me viciei.
A gente vê
nos seus olhos seu dotô, não tem jeito de esconder
Será que
você não vê de volta, dentro dos nosso
o quanto nossa vida é um sofrer?
(Vito Juliao
de Azevedo)
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