Janela dramática II


[O personagem, vestindo de sarjeta se encontra com o palco, sua cama e seu coração vazio. Anda de um lado para o outro fumando um cigarro procurando uma solução. Seus passos ecoam na madeira indiferente. O palco esta sobre uma meia luz de lua; fria. O personagem se vira para o público dando um trago profundo olhando no fundo do coração de cada cadeira vazia. Após tirar o cigarro da boca e fazer um rascunho de gesto faz como se fosse dizer alguma coisa, mas apenas fumaça sai de sua boca. Põe-se novamente a andar de um lado para o outro com um pouco mais de inquietação. Novamente, de um canto vazio crônico do cenário, para de frente para o público, fica como uma taça vazia no canto da festa. Acende novamente a brasa do cigarro e com ele na boca desce do palco. Parece fraco. Aponta para a única pessoa no teatro. Uma mulher. Treme. Uma lágrima foge de seu interior, parece que esta com fome. A fumaça esconde seu rosto. Vira-se de novo para o palco, tira o cigarro da boca, desmaia os braços. Exalto. De repente Joga o cigarro no chão com um ímpeto súbito(!) pisa como quem esmaga um inseto repugnante. Esmaga-se com uma aspereza que não o pertence, olha por cima de sua dor e desaparece. Mil palavra e o cheiro do cigarro ficam suspensos no ar]



Sempre Seus: Vito Julião

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