Pedra Negra





Arreia forrada de flores
E uma dúvida cada vez maior acerca da natureza das coisas
Atração dos corpos
Caminhar
 pé ante pé
Verso
Gota a gota
Amargo
Cheio de gatos pretos na névoa
Imensurável
Irremediável
Teia entre uma folha e outra
Uma vida e outra
O peso do fogo
O pranto dos dias cinzentos
O derrubar das matas
E o amor...
Voz consciente da escuridão
Aceleração em queda livre
Do que não se conhece
Arrepio a beira do abismo
Curva do raio de luz
Atraso do relógio celeste
Aconchego de áridos labirintos...
A visão não é mais confiável
A cabeça pesa
O isqueiro pesa
A fumaça pesa
Insustentabilidade...
Por que tão longe de mim?
Ficastes presas naquela vila de pescadores
Soterrada junto com a vila velha
Maldição do eterno caminhar das dunas
Maldição do eterno compasso da vida
Inércia da estrela da manhã
Paralaxe entre o que é
e o que foi.
Entre você e o que existe de mim em você...
E tua resposta
Prefixada de sim
Não ouço mais
Vieste ao meu encontro e não fui ao teu
Agora tenho coração embotado de silêncio
Uma saudade que sangra
E um poema que não te devolve...


Sempre Seu: Vito Julião de Azevedo

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