Sede e suor



Pode parecer estranho:
Mas eu não te amo.
Perto de você toda espiritualidade é volátil,
vazia,
 torna-se des-ne-ces-sá-ria
Não quero te amar.
Não te amo.
Meus beijos de carinho.
Meus abraços de ternura.
Sexo pleno...
O sexo com aquele tom que nenhum instrumento alcança...
Esse amor está reservado para outra.
Mas em você;
em você resta apenas o suor a sede e o animal,
resta apenas o fogo impuro que alguns poetas cantam.
De você eu quero apenas o teu lábio entreaberto de prazer.
Quero apenas o teu colo por onde escorregarei minha face
                                                                          [até teus seios maduros.
Sentirei suas mãos perderem-se nos meus cabelos.
Quero te abraçar perdido no aroma de todo o erotismo.
Arranhar suas costas
Arrancar tuas asas
Quero ouvir teu suspiro.
Quero derreter-me até seu sexo.
Perder-me em suas pernas.
Deixar toda fera revirar a língua dentro de ti até ouvir um suspiro que faz teu corpo estarrecer.
E no momento que alcançares o êxtase da carne,
os céus do eterno Nada,
olhar-te nos olhos,
com olhos de lobo que trucida a presa...
E saber que não eu te amo.
Ver-te suspensa nos véus do prazer
E saudar a noite
como filho dela.
Respirando satisfeito o vapor do momento
Dizendo orgulhoso:
Ah, como não te amo...
Ah, como é bom não te amar...


Sempre seus: Vito Julião de Azevedo

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