As vísceras de um poema



Inesperadamente atordoado...
Hoje é apenas um daqueles dias
 em que se quer apenas
um poema para arrancar um sentimento
alojado no peito.
Puxá-lo bem de vagarzinho,
como uma farpa  ou um espinho.
 E, sem maniqueísmo,
amá-lo.
      Amá-lo tanto e tão imprudentemente
que alguém mais desavisado teria medo
e pediria perdão por mim.
Mas eu preciso desse poema,
quero-o apenas para encharcar-me dele
de tal modo que,
 após esse batismo pagão, Eu saia novo,
ressurgindo das vísceras puramente lobo.


Sempre seus: Vito Julião de Azevedo

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